domingo, 12 de abril de 2009

Reflexões sobre o bem e o mal... uma inversão de valores?

Estava conversando com a Srta. Scarpin hoje pela manhã e como já é comum, chegamos às nossas análises da sociedade, nos nossos famigerados papos profundos de domingo. Já normal para nós duas termos esses papos outside the box , mas sempre ficamos depressivas(putas mesmo) ao ver o quanto a sociedade em dia é uma grande merda. Como hoje é domingo de páscoa, tentarei, mesmo que em vão, ajudar alguns leitores em seu renascimento. Nunca é tarde para melhorarmos!

A cada dia tenho a comprovação, e mais ainda aqui no Brasil, terra do "jeitinho brasileiro", que ser bom é ser tolo e, ser ruim e escroto é ser esperto e inteligente. Isso tá certo? Ajudar as pessoas, crer na bondade, ser educado, não xingar as pessoas é realmente tolice? Não se aproveitar dos outros quando se têm a chance é realmente tão ruim assim? Quando foi que ser escroto, grosso e mal educado virou sinônimo de ser forte e esperto?

Temos observado que quando alguém tenta ser uma pessoa mais dócil e humana, absurdamente ela é taxada de bobinha ou desmerecedora de crédito, agora se alguém passa a ser escrota com os outros, passa a quebrar as regras e desrespeitar normas, passa a ser frio e egoísta depois de um coração partido, é grosso e mal-educado com pessoas que mal conhece, aí sim, essa pessoa é valorizada, é tida como inteligente , esperta e admirada por muitos. Será que ninguém vê o absurdo da situação? Quando vemos que esse comportamento em vez de receber reprovação recebe admiração e ainda é imitado, torna explícito o absurdo da inversão de valores que vivenciamos. Tá tudo errado!

Vemos isso todos os dias nas ruas, na familia, nas noticias, nas empresas, nos relacionamentos e estamos CEGOS perante esse absurdo! Na família, os filhos que não respeitam os pais são enaltecidos, os que o fazem, são criticados pelos seus amigos. Nos casais, vemos a falta de princípios essenciais a uma convivência duradoura e saudável. Não é a toa que o índice de divórcio nos 2 primeiros anos de casados está cada vez maior. Não existe renúncia, compreensão e bem estar entre os cônjugues, pois o homem que renuncia é "pau mandado barriga branca" e a mulher que o faz é considerada uma "Amélia", tola e desmerecedora de crédito. O cônjugue infiel é bem visto e o fiel é subestimado. Na verdade o que se vê hoje em dia é que os próprios casais, não dão valor àquele relacionamento tranquilo e pacífico, paixão boa mesmo é aquela cheia de dramas, de joguinhos, de brigas eternas de quem gera mais insegurança em quem. Nas empresas, o bom funcionário vira o "puxa-saco"e o negligente é o exemplar. Na mídias os drogados, alcoolizados e grosseiros são os famosos que mais ganham a admiração do público e que são mais valorizados.

Todos os dias, os valores são cada vez mais invertidos por diversos meios e atitudes nos relacionamentos. As pessoas são reprimidas por agirem com cordialidade e simultaneamente incentivadas a transgredirem os princípios morais. Gente! Acordeeem! A “cultura do esperto”, do malandro, da safadeza tem que acabar. Esperto deveria ser o indivíduo culto, inteligente, educado, que respeita as pessoas e, principalmente, se respeita.

Peguemos por exemplo programas de "reality" que basicamente consistem na observação de pessoas se relacionando e convivendo isoladamente. Percebemos claramente que personagens que optam por um comportamento "rebelde", agressivo e indisciplinado conseguem a maior simpatia do público, e pior findam por vencer os programas, ou seja, uma exposição costante para todas as pessoas que os maus se dão bem no final. Vamos analisar então o que está acontecendo: Se indisciplina, grosseria e rebeldia geram simpatia e admiração, como são taxados os que prezam pela bondade, educação e cuidado com o outro? TOLOS.

Bondade virou tolice e maudade virou inteligencia e força? Porque o bom não pode ser forte e inteligente? O que está acontecendo gente? Vamos acordar! Vamos dar valor as coisas boas, vamos parar de torcer pelo vilão, vamos parar de admirar os que se dão bem em cima dos outros, parar de achar que ser filho da puta com os outros é sinônimo de força! Devemos mesmo estar passando por uma crise generalizada de medo e baixa auto-estima, porque sinceramente, se vemos aquela pessoa grosseira, filha da puta, e achamos que ela é feliz, que é forte porque ninguém se aproveita dela, é porque nossa auto-estima deve estar no negativo.

Antes de admirarem alguém, parem pra pensar se as "qualidades" que você está admirando são realmente virtudes. Se você parar um pouquinho pra pensar vai ver o que realmente é bom e o que não deve ser copiado. Sim, porque eu sou uma das que realmente acredita na bondade dentro de cada um, então acredito que é uma questão de se parar pra pensar apenas.

"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." -Rui Barbosa

Que fique bem claro que o meu objetivo com essa reflexão não é criticar ou condenar os maus, mas sim mostrar o que a maioria está inconscientemente, ou não, fazendo: Menosprezando e criticando o bom e o justo e admirando o reprovável e incorreto.

Paz e energia positiva para vocês! Que esta páscoa vá além de chocolates e sirva para o seu renascimento.

Pés descalços, valorizando a bondade sempre.

Um comentário:

Peep Toe disse...

E isto é que eu chamo de post do desabafo! Mas realmente, sempre me indignei com o lance de que pessoas boas e educadas geralmente só levam ferro.